ATA DA QUADRAGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 09-12-1999.

 


Aos nove dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e quatro minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, pelo transcurso de seus vinte e cinco anos, nos termos do Requerimento nº 218/99 (Processo nº 3205/99), de autoria do Vereador José Valdir. Compuseram a MESA: o Vereador Elói Guimarães, presidindo os trabalhos; o Senhor Olinto Chagas, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre e a Secretaria Municipal de Cultura; o Senhor Luiz Pilla Vares, Secretário Estadual de Cultura, representando o Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Eracy Rocha Almeida, Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore - IGTF; o Senhor Edson Otto, Presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha; a Senhora Sandra Neumann, representando a Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação; o Senhor Jair Lima, Presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho; o Vereador José Valdir, Secretário "ad hoc". Ainda, durante a Sessão, foram registradas as presenças, como extensão da Mesa, dos Senhores Edgar Barbosa, Anderson Fraga Rocha e Jorge Rocha. Ainda, foram registradas as presenças do Senhor Alencar Feijó da Silva, Conselheiro do IGTF; do Coronel Danilo do Canto Camino, Conselheiro da Liga de Defesa Nacional; do Senhor José Gonçalves, Patrão do CTG Porteiros do Rio Grande, da Associação dos Subtenentes e Sargentos da Brigada Militar; da 1ª Prenda Fabiana Fernandes; do Vereador Juarez de Souza, da Câmara Municipal de Viamão. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador José Valdir, em nome das Bancadas do PSDB, PMDB e PPS, comentou a instituição do IGTF, em mil novecentos e setenta e quatro, com o objetivo de atuar "na área da pesquisa e da divulgação da cultura do Estado", dizendo possuir essa pesquisa uma abrangência não apenas acadêmica, mas visar ao desenvolvimento de uma "ação concreta de instigação da sociedade" para melhor conhecer e vivenciar os valores culturais gaúchos. O Vereador Giovani Gregol, em nome da Bancada do PT, saudou o IGTF, atestando a consciência observada nas atividades desse instituto quanto ao seu papel de "guardião da memória e da tradição" e a sua função de "revitalização dessa memória, para que se torne algo vivo e não mera peça de museu". O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, registrou seu agradecimento aos integrantes do IGTF, pelo trabalho realizado na valorização da cultura gauchesca, "de seus valores inerentes, especialmente no que concerne a folclore, tradição, arte, história, civismo e sociologia", salientando a participação da Casa para a continuidade desse trabalho. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, saudando o IGTF, lembrou o nome de Glaucus Saraiva, um dos idealizadores e primeiro presidente do instituto, ressaltando a contribuição dessa entidade para a modificação positiva da imagem do gauchismo junto à sociedade atual. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Eracy Rocha, Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa ao IGTF. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e trinta minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Elói Guimarães, nos termos do artigo 27 do Regimento, e secretariados pelo Vereador José Valdir, Secretário "ad hoc". Do que eu, José Valdir, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 2º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Honra-me, sobremodo, dirigir a presente Sessão Solene destinada homenagear o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore pelo transcurso dos seus vinte e cinco anos.

Convido, para fazer parte da Mesa, o Sr. Luiz Pilla Vares, Secretário Estadual de Cultura, representante do Sr. Governador do Estado; Professor Olinto Chagas, representante do Sr. Prefeito Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura; Sr. Eracy Rocha Almeida, Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore; Sr. Edson Otto, Presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha e Sra. Sandra Neumann, representante da Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação.

Registramos a presença do Sr. Alencar Feijó da Silva, Conselheiro do IGTF e do Coronel Danilo do Canto Camino, Conselheiro da Liga da Defesa Nacional.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Convidamos, também a fazer parte da Mesa o Sr. Jair Lima, Presidente do MTG. Registramos também a presença do Ver. Reginaldo Pujol; a presença dos Peões e Prendas; o CTG Porteiros do Rio Grande, do Patrão José Gonçalves e da 1ª Prenda Fabiana Fernandes.

O Ver. José Valdir está com a palavra, falará como proponente desta homenagem e falará, também, em nome do PSDB, do PMDB e do PPS.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Exmo. Sr. Ver. Elói Guimarães, na presidência dos trabalhos, neste ato; representante do Sr. Governador do Estado, companheiro Luiz Pilla Vares - Secretário Estadual de Cultura; representante do Sr. Prefeito Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura, Professor, companheiro Olinto Chagas; Presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, companheiro Eracy Rocha Almeida; Presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha, Sr. Edson Otto; representante da Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação, Sra Sandra Neumann; representante do Movimento Tradicionalista Gaúcho, Sr. Jair Lima, Presidente do MTG e demais cidadãos e cidadãs de Porto Alegre que participam desta Sessão Solene para homenagear o transcurso dos 25 anos do IGTF.

O Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, o nosso IGTF, foi instituído pelo Decreto 23.613, em 27.12.74, para atuar na área da pesquisa e da divulgação da cultura do nosso Estado. Assim, o IGTF nasce não apenas com a missão da pesquisa no sentido puramente acadêmico da expressão, mas também para desenvolver uma ação concreta de instigação, eu diria, da sociedade, levando-a conhecer, a similar e a vivenciar os valores culturais do nosso Estado. A pesquisa para o IGTF tem o sentido ativo, visa a ação concreta numa relação íntima, dialógica, numa relação viva com a nossa gente, com o povo, e não apenas a multiplicação de material do acervo dos museus.

O nosso patrimônio cultural é uma das mais ricas manifestações culturais, regionais, deste imenso País, que é o Brasil. É inegável a força de elementos da maior significação humana e ética na nossa tradição histórico cultural.

Se, por um lado, temos alguns elementos que merecem uma avaliação crítica, nós temos esses elementos da nossa tradição histórica e cultural que, tem um sentido de valores éticos e universais da maior importância, como o valor da liberdade, como o valor da hospitalidade, o valor da lealdade. Talvez em nenhuma outra cultura regional esses valores sejam tão importantes e tão enraizados no seio popular como na cultura regional do nosso Estado.

O IGTF cumpre um papel importante de estudar, de pesquisar e divulgar esse patrimônio cultural, sob todos os aspectos, um patrimônio singular, rico e plural em nosso Estado. Para isso, o IGTF participa de uma série de eventos anuais, como: Festa Junina, a Semana do Folclore e a Semana Farroupilha, além, de apoiar os festivais de música nativista, que acontecem em todo o Estado, o ano inteiro e de estimular programações de cultura popular, inclusive na área estudantil.

Este ano, o IGTF tem um objetivo, um projeto bastante ousado que é a implementação da Discoteca da Música Regionalista, que resgatará a memória gaúcha, através de uma discoteca especializada com um grande acervo de tudo que já foi editado ao longo da história do Rio Grande do Sul. A produção discográfica do nosso Estado é composta por mais de 80% de música regionalista. O IGTF pretende reunir, através de doação ou mesmo de aquisição, grande parte dessa produção e construir um acervo dos cantores, músicos, grupos ou conjuntos, dos trovadores, payadores, poetas e da etnomúsica alemã, italiana, polonesa, açoriana, etc., numa visão plural da nossa cultura. Além disso será organizada a antologia dos músicos (compositores e intérpretes) que constróem e que construíram a história da música sul-rio-grandense, que fará parte do acervo biográfico da Biblioteca do IGTF.

Nós propomos esta homenagem ao IGTF, porque a necessidade de afirmação da nossa Cultura Regional é particularmente importante neste momento em que vivemos. O momento em que vivemos privilegia a idéia da globalização, que reduz tudo ao movimento de mercado. Essa idéia de uma globalização niilista, impiedosa e até selvagem, tenta impor ao mundo inteiro a idéia do gosto único, do padrão único de consumo, do pensamento único. E o pior, tenta impor essa idéia sob os escombros das culturas nacionais e regionais, e a aniquilação e o desrespeito à diversidade cultural dos povos. E a diversidade cultural dos povos, para nós, é a base da democracia, porque nós não compreendemos a democracia sem o respeito às diferenças.

Homenagear o IGTF é tudo isso. É ressaltar a importância da cultura gaúcha, é ressaltar a importância dessa resistência cultural que nós temos de fazer nos dias de hoje a essa massificação. Nos seus vinte e cinco anos, o IGTF desenvolveu, e desenvolve, um trabalho de profunda repercussão social no campo da cultura popular, pesquisando e principalmente socializando a riqueza cultural do nosso Estado. Parabéns IGTF! Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Juarez de Souza, de Viamão. O Ver. Giovani Gregol está com a palavra, para falar em nome da Bancada do PT.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) É muito importante este momento - esta Casa faz tantas solenidades, todas merecidas, é verdade - em que homenageamos este aniversário de vinte e cinco anos do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore. Quero também parabenizar o nosso colega que teve essa iniciativa, Ver. José Valdir, que é um homem - desde que o conheço, desde a fundação do PT ou antes - verdadeiramente ligado a esta luta, historicamente vinculado a esta luta, e sou testemunha disso, inclusive aqui vivi oito anos, quase uma década, como Vereador titular. Hoje, sou 1º Suplente da nossa Bancada, e esta Casa tem uma atuação e uma preocupação séria nessa área.

Recordo-me de um caso, entre tantos, a grande discussão que a Cidade de Porto Alegre inteira fez, até o Estado, uma discussão longa há mais de dois anos, até polêmica em alguns momentos, sobre a construção de uma Pista de Eventos, um equipamento urbano chamado também de Sambódromo. Um equipamento de multiuso, mas veio para cá o Projeto e alguns achavam, sem entrar no mérito, que iria ameaçar a preservação desta área e, principalmente, a nossa querida Estância da Harmonia. E esta Casa não se furtou a esse debate e se posicionou várias vezes a respeito disso, com intensa cobrança, acompanhamento e participação de todos os CTGs, do MTG, enfim, de toda a comunidade.

Eu vou falar, logo em seguida, sobre algumas coisas que eu penso que o IGTF está fazendo e deve fazer cada vez mais.

Nós temos um compromisso muito grande com esse segmento. Como falo em nome da Bancada, então posso e devo falar do Partido; o PT sempre teve uma característica, ao contrário do que alguns diziam, ligada a esse segmento cultural. Por quê?

Porque os trabalhadores formais e informais da cidade, do campo, da campanha, da serra e do meio rural sempre foram não só forte preocupação do nosso Partido, da nossa sigla, mas ajudaram a construí-lo diretamente.

Então, o gaúcho, o gaucho, o peão sempre esteve presente em nossas preocupações, basta ver que na fronteira toda são muito antigos os nossos diretórios. Na época da fundação do nosso Partido, os diretórios municipais eram nos municípios da campanha, de Bagé, Livramento, Uruguaiana, enfim, de todas essas regiões.

Aqui, em Porto Alegre, nós criamos, há alguns anos, eu até fui um dos fundadores, com tantos companheiros que aqui estão - inclusive, hoje, temos o Eracy na presidência, exercendo muito bem essa função no Instituto -, de um núcleo de tradicionalistas e nativistas do PT, no sentido de resgatar, sistematizar melhor e propor para o futuro.

E hoje o trabalho grande que está sendo feito lá é muito fruto também dessa discussão que o Partido soube encaminhar, iniciar e sistematizar no seu seio sobre isso.

Então não é verdade que o PT é só urbanóide, é só sindicalista da cidade, da indústria, não. Isso, na prática, nós sabemos que não é verdade.

Mas, para terminar, o IGTF tem consciência, em primeiro lugar, de que ele deve ser, como tem sido, nesses vinte e cinco anos, um guardião da memória e da tradição do Rio Grande do Sul e dos gaúchos, que não se resumem só a este Estado, muito pelo contrário.

Segundo, também tem a consciência de que ele tem a função nobilíssima e a responsabilidade de vitalizar, revitalizar essa memória, para que essa tradição vire uma coisa viva e não peça de museu. No Brasil é muito comum - esta é uma crítica genérica - termos uma concepção museológica do folclore e da tradição. Como um bicho empalhado. A mesma concepção têm alguns biólogos: o animal como coisa viva, ser vivo no seu ambiente, nas suas relações ecossistêmicas, no seu nicho ecológico, na sua cadeia alimentar, ali ele deve ser preservado. Ou a concepção do índio fora da sua cultura, europeizado, de carteira assinada. Mas o folclore tem que ser uma coisa viva, como a deusa Clio, uma das musas que protegiam, para os gregos e romanos, o conhecimento, a sabedoria, a ciência, a poesia. A deusa Clio tinha dois rostos, não no sentido de que era ambígua, falsa, mas, sim, como um ser que olha para o passado, tendo a sua outra face voltada, permanentemente, para o futuro. Olha para o passado, mas caminha para o futuro, sempre. É isso que estamos fazendo.

Em terceiro lugar, o IGTF tem um papel óbvio de resistência cultural, na melhor acepção do termo - o Ver. José Valdir já ressaltava - ao verdadeiro lixo cultural, ou seja, a lixeira cultural que é despejada sobre as nossas crianças e adolescentes, nossos jovens, sobre nós todos, na nossa Pátria. Isso é imposto, ainda pagamos por essas porcarias que fazem a cabeça dos nossos jovens, acarretando, inclusive, a sexualidade precoce. Vi nestes dias uma pesquisa feita nos Estados Unidos - parece que a USP faz no Brasil, também -: um adolescente de 15 anos, em média, nos Estados Unidos, assistiu, através do cinema, televisão, especialmente, e meios de comunicação de massas, algo em torno de 80 mil assassinatos, estupros, crimes, geralmente envolvendo drogas. E aqui talvez seja mais, porque, lá, eles têm um controle comunitário, pois são concessões públicas, sobre o que vinculam os meios de comunicação. E não me venham dizer que isto é censura, é um direito da comunidade ter uma influência forte, senão controle total, daquilo que sobre ela mesma recai. Nesse sentido os tradicionalistas têm um papel fundamental de resgate da nossa memória e de combate a esse lixo cultural, porque nós temos história, nós temos tradição. Nós não somos contra o que vem do estrangeiro, não somos uma ilha, mas nós temos a nossa verdade.

O IGTF tem um papel muito importante nessa relação, nesse diálogo que deve haver entre a cultura erudita e a popular, porque, na enorme produção cultural, conforme o levantamento feito, cuja idéia achei genial, também existem coisas de maior ou menor qualidade. Nós temos de ter critérios para diferenciar isso, principalmente o Estado, através dos seus recursos públicos, deve incentivar aquelas manifestações culturais, folclóricas e congêneres, que têm mais qualidade. Esse é o compromisso que a nossa Administração está tendo.

O nativismo e o gauchismo são a nossa cultura popular; são do nosso povo. Essa cultura não foi inventada, nem criada ou recriada; ela tem origens nas bases da população, como provou Paixão Cortes e tantos artistas, músicos, maestros da nossa terra. Há que existir uma relação profunda, um diálogo generoso, dialético e aberto entre a cultura popular e a cultura da academia, da universidade, enfim, a cultura erudita. Esse é um compromisso muito sério que nós estamos desenvolvendo.

Quero parabenizá-los por esta data, em nome do Partido dos Trabalhadores, e dizer que essa luta de vinte e cinco anos do IGTF é uma luta de todos nós, de todo o povo gaúcho. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol falou que a nossa Prendinha é a primeira Prenda do Rio Grande do Sul. Será, Gregol, futuramente, mas atualmente é a primeira Prenda do CTG Porteiros do Rio Grande, da Associação dos Subtenentes e Sargentos da Brigada Militar.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra pela Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, que tenho a honra de pertencer juntamente com os ilustres Vereadores João Antônio Dib e Pedro Américo Leal, gostaria de cumprimentar o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore pelos seus vinte e cinco anos de fundação. Também gostaria de cumprimentar o Ver. José Valdir pela sua oportuna e brilhante iniciativa. Sempre é bom lembrar, como já fez o Ver. José Valdir, que o IGTF foi concebido pela mente privilegiada do poeta e escritor Glaucus Saraiva, criado pela Lei 6.736, de 19 de setembro de 1974, e regulamentada por Decreto do Governador Euclides Triches. Neste dia em que homenageamos o IGTF, gostaríamos de agradecer todo o trabalho que este Instituto tem feito na promoção de estudos, na pesquisa e na divulgação da cultura gauchesca, de seus valores inerentes, especialmente no que concerne ao folclore, tradição, arte, história, civismo e sociologia.

Mas o que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre pode fazer para promover e incentivar o nosso folclore e a nossa cultura gaúcha? Até muita coisa, e o exemplo disso é um Projeto que circula nesta Casa, do ilustre Ver. José Valdir, que estimula e regulamenta a construção de centros de tradições gaúchas na Capital do Estado. É um bom exemplo de como a Câmara pode colaborar com o nosso folclore. Outro exemplo também é lembrar a história desses gaúchos que estimularam o nosso folclore. E nisso eu gostaria de arrolar algumas iniciativas minhas no sentido de homenagear aqueles tradicionalistas, alguns que não tiveram a oportunidade da fama, mas que lá estiveram, lá no CTG, lutando pelo nosso folclore. Assim foi, quando denominei, nesta Casa, uma praça com o nome do Sr. Aristides Dias Souto, lá do bairro Farrapos; também uma rua com o nome do Sr. Bernabé Pereira dos Santos, que também estimulou o nosso folclore, que ajudou a fundar um Centro de Tradições Gaúchas; também o Sr. João José dos Santos, o Sr. Edir Machado, todos homenageados pela sua luta diária com o nome de uma rua, de uma praça, fazendo parte da nossa história de Porto Alegre. Aqueles que granjearam fama, por exemplo: Carlos Galvão Krebs, Aparício Silva Rillo, Glaucus Saraiva, Dimas Costa também mereceram nome de ruas, praças, em projetos de minha iniciativa. Amanhã, deveremos votar o nome da Praça Aparício Silva Rillo. No ano passado, também de minha autoria, concedemos o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre ao saudoso e, talvez, maior poeta deste Estado, Jayme Caetano Braun. São iniciativas que os Vereadores, e sei que o Ver. Elói Guimarães também tem estimulado, e tem tido muitas iniciativas nesse sentido, juntamente com o nosso poeta, Ver. José Valdir, que também tem-se dedicado a este assunto, homenageando pessoas que têm cultuado o nosso folclore.

Façamos votos de que estes vinte e cinco anos do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore sirvam de marco para as novas realizações, que venham frutificar na expansão do nosso folclore, da nossa música, da nossa poesia, das nossas tradições, alavancando a indústria do turismo em nosso Estado, confirmando, uma vez mais, os valores culturais da nossa terra.

Recebam todos os membros do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore as homenagens desta Casa e os cumprimentos do Partido Progressista Brasileiro pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A homenagem que aqui se presta, hoje, e que, num momento de inspiração, foi requerida pelo ilustre Ver. José Valdir, encerra um ciclo da vida do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.

As festas que, certamente, se darão neste período, não poderiam ser ignoradas pelo Legislativo de Porto Alegre que precisava, naturalmente, a ela se inserir, eis que, nessa trajetória do IGTF, a Câmara Municipal de Porto Alegre tem muito a ver.

Pessoalmente, até lembro, nos idos de 74, quando, em pleno Governo Euclides Triches, a Assembléia Legislativa do Estado entendeu de criar o IGTF, recordo-me bem das controvérsias, das discórdias que surgiram no momento, antes mesmo até da sagração definitiva da Lei, com o Decreto regulamentador, firmado pelo Governador Euclides Triches. Não faltaram, inclusive, situações hilárias. E, para isso, contribuiu, sobremaneira, a figura gigantesca de Glaucus Saraiva que, desde o início, era apontado como o seu provável 1º Presidente, como mais tarde haveria de sê-lo.

Falavam no Instituto da Grossura, no Clube do Pezinho, e outras situações absolutamente pejorativas que o preconceito de uma sociedade contaminada, Vereador, pelo lixo cultural, entendia de situar a tradição do Rio Grande do Sul como um culto à grossura. Aliás, os tradicionalistas da época, em grande parte, contribuíam para isso. Lembro, também, que, naquela ocasião, para sermos tradicionalistas, tínhamos que, propositadamente, falar arrevezado, errar o Português para, com isso, dizer que era gaúcho.

Então, a saga iniciada por esse homem que devemos pranchar no dia de hoje, o Glaucus Saraiva, grande idealizador e 1º Presidente, tem uma história e esses seus vinte e cinco anos são ricos dessa história. Não é por mera coincidência que temos uma visão nacional modificada em torno do gauchismo e que ocorreu neste quarto de século. Não é mera coincidência! O IGTF muito contribuiu para que fosse mudado esse conceito da cultura gaúcha, que deixassem de ver o tradicionalista como um cultor da grossura e passassem a vê-lo como guardião dessa relíquia que pertence a história da cultura rio-grandense.

Lembro que, num primeiro momento - e o Alencar que hoje aqui nos dá o prazer de, como 1º Capataz do CTG 35, que prestigia esta Sessão, deve lembrar também, dado que é um dos que tem mais tempo nessa luta, até pelos anos que o vincula ao tradicionalismo, deve lembrar que os primeiros anos do IGTF foram extremamente complicados. O final de dezembro de 1974 foi uma correria, só o Glaucus conseguia vencer todo aquele pessimismo, toda aquela ironia, todo aquele deboche que se armava em torno do IGTF. Tal qual um vândalo, ele invadia repartição por repartição, e retirava uma mesa de uma repartição, uma cadeira de outra, uma máquina de escrever de outra qualquer, porque a lei que havia criado o IGTF, não havia previsto recursos para aquele exercício no qual se instalava o IGTF, ou seja, no final do ano de 1974. As coisas foram progressivamente sendo enfrentadas, a má-vontade de muitos foi diminuindo, e a compreensão, na medida em que o tempo passou, começou a surgir, ainda que, a meu juízo, Secretário Pilla Vares, os seus antecessores ainda não tenham tido a exata dimensão da importância do IGTF. Eu me sinto muito à vontade de fazer esse alertamento, porque V. Exa. é, provavelmente, de todos os que aqui se encontram, um dos quais eu privo com mais intensidade, há mais tempo, ainda que essa privação seja sempre em campos opostos do campo ideológico. Eu nunca deixei de reconhecer que V. Exa., mesmo quando nos digladiávamos, quando V. Exa. torcia pelo Imperador e eu pela Restinga, é um homem inteligente. E eu espero que V. Exa. comprove, mais uma vez, essa inteligência e não deixe de aproveitar este potencial interminável que o IGTF tem e que, lamentavelmente, muitos dos governos que lhe antecedeu, muitos dos quais eu apoiei, não tiveram, apesar do nosso trabalho, o amadurecimento suficiente para entender a importância deste órgão dentro da Administração Pública do Rio do Grande do Sul.

Neste dia saudamos os vinte e cinco anos do Instituto e já ouvimos o grande iniciador desta homenagem, o Ver. José Valdir, um homem com quem me acostumei a conviver no culto à tradição, e que hoje ele não o faz por mero acaso, por estar o Governo do Estado nas mãos do seu Partido, sempre foi um aliado do IGTF, inclusive, trabalhava conosco, no ano passado, ou no ano retrasado, naquelas cobranças que se faziam, quando o IGTF estava muito mal localizado, sem lugar, sem as mínimas condições de funcionamento.

Então, eu acho que na defesa da cultura do Rio Grande, da tradição gaúcha, até mesmo a bandeira vermelha do PT ou a bandeira verde-amarela do PFL, têm que dar lugar a uma bandeira muito maior: a bandeira do Rio Grande, que é a bandeira vermelha-amarela, que constituem as cores do nosso Estado e as cores do IGTF.

Eu quero, Secretário Pilla Vares, da mesma forma ao Presidente do IGTF, cujo empenho no sentido do fortalecimento desse Instituto - é do nosso conhecimento - é muito grande, dizer que se tenho essa linha de pensamento, e que se proponho que a cultura do Rio grande tem que ser defendida acima dos partidos, porque diz respeito a todos os gaúchos, não há de faltar, nesta Casa, onde, no momento fala o único Liberal com assento na Mesa, suficiente contribuição para juntos darmos a dimensão que o IGTF haverá de ter no seu segundo, quarto século de existência. Quando nós assim fizermos, faremos as homenagens adequadas, não só ao Glaucus, mas ao Coronel Hélio Moura Mariante, que foi o seu segundo Presidente, ao Paulo Xavier, ao Elton Saldanha, ao Bagre Fagundes e ao Antônio Augusto Fagundes, seu antecessor, o nosso bom Nico, lá no Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.

O PFL se sente muito tranqüilo em estar nessa Sessão convocada pelo Ver. José Valdir, presidida pelo Ver. Elói Guimarães, um dos integrantes da bancada dos “gauchinhos” da Casa, quem sabe até o seu verdadeiro líder, pela sua cultura.

O PFL, incorpora-se a esta homenagem, de coração aberto, seguro e tranqüilo, até dizendo, Ver. José Valdir, que nós merecíamos ter tido, hoje, aqui, um público muito maior, afinal de contas, o seu Requerimento, que todos nós aprovamos, visa a homenagear uma entidade que se impôs ao respeito dos gaúchos pela pertinácia com que os seus servidores, os seus dirigentes, anos após anos, foram retirando aquela ironia com que era enfocada no seu início, até se afirmar, ao ponto de ser hoje reconhecido, como efetivamente, deveria sê-lo, como um órgão importante, necessário e insubstituível na estrutura da cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Eu até não me sinto nem de leve constrangido em afirmar nesta hora que tenho absoluta certeza que o governo do Sr. Olívio Dutra, ao qual eu me oponho por formação política e ideológica, haverá de dar uma lição até mesmo nos meus correligionários, alçando o IGTF à importância que ele tem de ter dentro da administração pública do Estado. Se isso ocorrer, eu quero vir nesta mesma tribuna, onde eu compareço em todos os períodos da Semana Farroupilha para festejar a cultura do Rio Grande, nesta tribuna onde a gente saúda aqueles que ano após ano nós se destacam no tradicionalismo, ofertando a comenda Glaucus Saraiva, nesta mesma tribuna quero vir saudar o Governo Olívio Dutra, que com seu inteligente Secretário Luiz Pilla Vares, deu ao Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, a partir do seu vigésimo quinto ano de atividade, a dimensão, a importância e a relevância que historicamente ele merece.

Meus cumprimentos, Sr. Presidente! Meus cumprimentos, Sr. Secretário! E a minha certeza plena que os vinte e cinco anos do IGTF serão devidamente festejados, de forma objetiva, com reforço material, cultural e sobretudo político, de repercussão e consolidação da sua importância no contexto da cultura do Rio Grande. Penso que não teria outra forma mais conseqüente de nós homenagearmos a todos que lutaram para que essa Entidade fosse forte e merecedora das homenagens que hoje a Casa do Povo lhe presta. Meus cumprimentos e voltem sempre. Esta Casa é sua, esta Casa é da tradição do Rio Grande. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Presidente do IGTF, Eracy Rocha, está com a palavra.

 

O SR. ERACY ROCHA: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Cabe-nos, neste momento, não dissertar a história do IGTF, porque muito disso já foi dito aqui, mas de reconhecer, primeiramente, o trabalho que tem sido feito ao longo desses vinte e cinco anos.

Queremos cumprimentar e passar homenagem também a todos os Presidentes e Direções que o IGTF, anteriormente, teve. Nós estamos, logicamente, que há muito mesmo não estando a frente da Direção do IGTF, há muito colaborando com o Instituto, mas, com certeza, o trabalho daqueles que nos antecederam foi muito importante para que pudéssemos estar aqui, hoje, recebendo esta homenagem.

Lembramos das pessoas que, voluntariamente, sempre fizeram de tudo para que o IGTF permanecesse sendo um órgão de apoio, principalmente dentro do Movimento Tradicionalista Gaúcho, e dentro de todas as etnias do Estado.

Nós queremos agradecer o apoio que temos recebido do MTG, o apoio que temos recebido do Edson Otto, agora como Presidente da Confederação Brasileira do Movimento de Tradições Gaúchas e gostaríamos de lembrar que muitas das coisas que são feitas no IGTF, claro que poderiam ser melhores, Ver. Reginaldo Pujol, as dificuldades que foram encontradas na construção do IGTF, quando se buscava uma mesa e outra, eu acredito que ainda são bem atuais, nós encontramos essas mesmas dificuldades. Eu acredito que todos que passaram por lá, passaram essas dificuldades, mas não temos medido esforços para que possamos reverter essa situação.

Nesse primeiro ano de trabalho, temos um trabalho difícil de relações institucionais, de sair por todo o Estado, por condições, inclusive econômica, financeira de custeio, sabemos que tudo isso é difícil. Mas temos recebido dos amigos, aqueles, como disse, que voluntariamente sempre ajudam o Instituto, um esforço muito grande para que o Instituto permaneça, a despeito daqueles que achavam que o Instituto fecharia, não continuaria.

Queremos dizer, e até para lhe alentar, que temos tido por parte da Secretaria de Cultura do Estado, e por parte, logicamente, do Governo do Estado, um apoio muito grande. Acreditamos que prosseguiremos, se continuarmos nesta marcha de apoio, e quero fazer esse agradecimento ao Secretário da Cultura que nos tem alcançado todo o tipo de apoio, sempre que precisamos.

Quero agradecer a todos presentes que trabalham sempre em prol da cultura do Rio Grande do Sul, quero agradecer, principalmente aqueles que merecem essa homenagem, os funcionários do IGTF. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Cumprimento todos presentes, as autoridades e digo que os valores culturais do Rio Grande, toda essa riqueza que nós possuímos tem, Eracy Rocha Almeida, aqui nesta Casa, uma sentinela avançada na defesa desses valores. E também fazer a minha homenagem ao Instituto, pelas palavras aqui proferidas, e em especial a tua pessoa, suspeito que sou por ser teu amigo, e dizer ao nosso Secretário da Cultura, meu colega de faculdade, o Pilla, que não poderia ter-se colocado o IGTF em mãos melhores do que nas mãos deste que está aqui do nosso lado, que é o Eracy Rocha. Um conhecedor profundo de nossa cultura, um músico, um artista que prestou, ao longo da sua vida, relevantíssimos serviços à luta, à causa tradicionalista e nativista.

Então, agradecemos a todos os presentes.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h30min.)

 

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